Pages

Alfredo Arruda: o sistema de saúde sofre da doença chamada corrupção




Especial para o blog:

Parece incrível que o escândalo da USP surpreenda os dirigentes da classe médica.

Falo seguidamente à minha mulher que está próximo o dia em que assistiremos nos noticiários médicos sendo algemados. 

É um absurdo o que acontece na saúde: aqui, acolá e alhures. O ministério da saúde é disputado antes do que os demais. As secretarias municipais e estaduais caem do céu para a corrupção. Meu Deus, onde vamos parar!

Esse esquema constitucional é a mina que as transnacionais acharam para corromper nosso pobre sistema de saúde. 

Vamos supor que um paciente precise de uma prótese qualquer. O vendedor, ou mais pomposamente, o fornecedor, que não é a empresa fabricante e sim o operador do sistema, entra em cena. 

Os fabricantes agem como se nada tivessem com este descalabro, porém, fazem parte ativa do triunvirato do crime: são bem representados.  

O médico é quem arma o circo, indicando criminosamente, em muitos casos, condutas insalubres à medicina. 

A família do paciente, única que é decente neste sistema, é estimulada a recorrer à lei. A lei, baseada na tal constituição que diz que a saúde é direito de todos, impõe a conduta e lava as mãos. 

A pátria amada paga. Nem país rico tem isso. Lá, quando existe esta situação, é o sistema que decide e que se baseia em indicação séria, julgada por um conselho de um Hospital sério, que toma a decisão.

As especialidades médicas são escolhidas por oportunidade de ficar rico, e, cá para nós, ficar rico honestamente em medicina é raridade. 

Hoje, com dois anos de atividade, tem gente comprando carro de quatrocentos mil reais. Como pode isso ser possível? Eu sei: roubando.

A Polícia Federal tem que saber disso, se não sabe tem que procurar saber. A Receita Federal tem que saber disso, se não, procure saber. 

O lucro dos serviços médicos desaparece nos superfaturamentos. Pois, revertem aos donos das empresas médicas no tal “por fora”. 

As empresas fornecedoras fazem química na contabilidade. É impossível que a receita não saiba disso, isso é sonegação!

É a melhor maneira de corrupção que inventaram: faturam muito dinheiro e são livres de imposto de renda. 

Este é o país que não quero para meus netos, pois, a geração dos meus filhos, está pagando por isto. A fraude é generalizada. Todo o procedimento que tem material médico industrializado, neste país, hoje é suspeito. 

Roubam dos hospitais públicos, roubam dos hospitais privados e das filantrópicas. O médico sério virou babaca, incompetente. Ainda por cima tem o tal mutirão, as caravanas das ilusões.  

Não me venham com essa história de que isto é o céu. É a maneira mais cruel de fazer demagogia que conheço. Exploram a própria incompetência. É a mesma coisa que operação tapa buraco das ruas. É uma palhaçada. Dirão: o povo esta contente! 

Me poupem. O povo adorava ver leões comendo cristãos no Coliseu, porém, lá pelo menos, ganhavam pães.

O País não é sério, isto porque os governos não são sérios; o judiciário não é serio, pois tem ministros do Supremo que causam nojo ao povo. 

Se judiciário fosse sério não estaríamos assistindo a esta catástrofe. Eu nunca temi a verdade: alguém tem que aparecer neste anarquizado País, levantar a bandeira da decência e ser seguido por todos os idiotas honestos desta terra. 

Não da mais para ver médicos jovens, muitos incompetentes, exibirem sucesso que sabemos ser fruto desta doença maligna que é a corrupção. Morre o sistema, deformam a medicina e destroem sonhos de pessoas decentes.

*Médico e ex-secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul