Tempo de recolhimento
Há tempo pra tudo. Como diz o poeta, "há tempo para dentro e fora do tempo". A decisão do PMDB de não lançar candidato a prefeito de Campo Grande talvez venha de uma percepção de que a política esteja este ano "fora do tempo".
Pode ter sido uma avaliação estratégica, ou, ao contrário, falta de opção. Ninguém quis ir para o sacrifício. Isso com o partido tendo na presidência da República Michel Temer.
O tempo dirá se essa decisão foi correta ou não. No momento, soçobra a sensação de impotência, fragilidade - talvez covardia -, mas não há como negar: sem o PMDB na disputa majoritária as eleições municipais ficarão sem graça.
Há outro dado: o ex-governador André Puccinelli teria grande chance de vencer caso aceitasse ser candidato. Mas ele avaliou que sairia desgastado demais do processo e não conseguiria administrar a prefeitura como será necessário no próximo ano.
A saída de cena do partido poderá provocar duas consequências: o fortalecimento de sua base de representatividade parlamentar em Campo Grande, com a eleição de numerosa bancada, e a polarização acirrada entre Rose (PSDB) e Bernal (PP).
Tudo é possível.
É bem verdade que jornalistas e analistas políticos estão errando cada vez mais em suas avaliações. Nossa cabeça ainda está muito presa aos velhos cacoetes da política antiga. Por isso, é melhor dizer a verdade: as eleições deste ano são uma incógnita. O eleitorado tem outra mentalidade e as regras do jogo mudaram. O que vai sair daí, ninguém sabe.
Diante disso, o PMDB pode está fazendo uma grande jogada. Retesando os músculos agora para se preparar para dar um salto mais alto depois.
Ou pode dar tudo errado.
O fato concreto é que esse é um tempo difícil para os políticos. Racionalmente, não é um bom momento para arriscar ser candidato a qualquer coisa. A sociedade está com muita raiva. O ressentimento gera monstros.
Por isso, sempre digo: entre Rose e Bernal, prefiro pular no abismo.