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Poder e escolha


Se você quer saber qual é a essência de um político, olhe em seu entorno. Observe quem ele escolheu para estar ao seu lado na jornada que decidiu empreender na estrutura de poder. Um homem de Estado bem acompanhado faz governos melhores e mais eficientes. Jamais haverá perfeição, mas boas escolhas – principalmente de assessores com integridade intelectual suficiente para compreender o momento histórico em que vivem – fazem toda a diferença. O resto é detalhe.

Uma boa alma pode se cercar de uma caterva de meliantes e colocar tudo a perder quando se trata de trabalhar pelo bem comum. Um cara esperto pode se cercar de pessoas ingênuas e voluntaristas e também causar danos irreparáveis à sociedade. Um canalha comprovado pode se cercar de gestores competentes e pessoas abnegadas e se transformar num mito, principalmente se tiver a sorte de chegar ao poder num bom momento econômico.

O fato é que um bom político só é capaz de fazer boas políticas junto com pessoas preparadas a encarar essa missão com estrito senso de grupo, com propósitos claros e agenda realista. Arrogância e ambição são comportamentos proibidos nestes ambientes. Alguém consegue ver isso acontecendo no Brasil, em qualquer estado ou cidade?

Esse é o problema. Elegemos indivíduos pensando que são semideuses e que farão as coisas acontecerem conforme seu marketing eleitoral. Mas o problema é que a rotina governamental tem uma dinâmica implacável que termina todos os dias desmentindo as promessas de campanha.

Não é preciso informar em detalhes que a bagunça se espraia e se generaliza, sobretudo quando se pensa no cipoal de leis e da burocracia que se deve enfrentar para possibilitar que recursos cheguem ao seu destino final, conforme apregoado pela Constituição.

A máquina do Estado tem vida própria. No máximo, o político serve apenas como referência inspiradora. Tudo o mais é equipe, planejamento, decisão e ativismo. Claro, o ideal seria que os eleitos fossem sempre aqueles mais sábios, cultos, preparados, sensíveis e honestos. Seus eventuais defeitos humanos seriam supridos pelas qualidades de seus principais auxiliares, formando uma composição na qual houvesse complementaridade dentro da pluralidade.

Isso seria o governo ideal. Só que a realidade é outra. A vaidade e o egoísmo são fatores determinantes da personalidade política dos dias atuais. A maioria padece de complexo de inferioridade e sofre com dificuldades psicológicas para aceitar a influência de pessoas mais inteligentes e informadas ao seu lado.

Assim, a equipe de trabalho termina se reduzindo a pessoas submissas e cumpridoras de ordens. O resultado é isso que estamos vendo: o País se esboroando rumo ao abismo, engolfado pela mediocridade.