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Para jornalistas, Governo Azambuja intimida a imprensa


Nas duas últimas semanas, entrevistei informalmente mais de 20 jornalistas de Campo Grande perguntando sobre as relações da imprensa com o Governo Azambuja.

Sempre antecedida de pedido de omissão de nomes e veículos, esses profissionais trabalham em jornais, sites de notícias, assessorias de imprensa, TV, rádio etc.

Com um questionário pré-elaborado eu fazia as perguntas sem anotar ou gravar inicialmente nada, só registrando minhas impressões após voltar pra casa.

Não se trata de uma pesquisa formal, apenas coleta de impressões, pois o ambiente de medo, desconfiança, ameaça, vigora praticamente em toda a mídia que depende de recursos oficiais para manter seu negócio.

Muitos jornalistas fazem associação direta ao modus operandi do Governo Aécio, que, nas últimas eleições, ganhou destaque na grande imprensa pela maneira heterodoxa que lidava com jornalistas. Há denúncias aos borbotões sobre o assunto.

O tucanato de Mato Grosso do Sul segue essa mesma escola.

O governo Azambuja repete os procedimentos de perseguição a jornalistas que sejam críticos ou publiquem notícias que a cúpula de secretários considere desfavoráveis.

Há casos de ameaças ou mesmo pedido de demissão de profissionais que “noticiou aquilo que não devia”.

Há casos de suspensão de contratos publicitários, caso o dono do jornal não demitisse o jornalista "incômodo". Taí um assunto para ser estudado pelos cursos de jornalismo das universidades de MS.

A maioria dos jornalistas – mesmo alguns que atuam no setor de comunicação oficial – afirma que sempre são mantidos à distância do governador. “Isso está claro: ele não gosta de jornalistas, demonstra um desprezo evidente pelo nosso trabalho”, comentam.

No período da realização do “Caravanas da Saúde” em Campo Grande a vigilância do Governo aumentou. Foi inclusive montada uma equipe informal de profissionais na governadoria para rastrear e identificar notícias negativas sobre o evento. Isso balizou distribuição de verbas oficiais à mídia.

Nos veículos, a relação direta se faz com os proprietários, geralmente com participação do Chefe da Casa Civil, Sérgio de Paulo, e o assessor Thiago Haruo Mishima (agências de publicidade). O subchefe da comunicação, Rodrigo Mendes Ribeiro, segundo informações, exerce apenas uma função decorativa.

Tanto Sérgio como Mishima intimidam e ameaçam. Há casos de perseguição, monitorando o profissional e não permitindo que ele trabalhe em redações dos jornais, sempre com telefonemas e recados de advertência.

Quando o governador foi prefeito de Maracaju o procedimento era o mesmo. É conhecido o caso de um jornal local que publicou uma carta de um leitor chamando Azambuja de “Coronel” e até hoje corre processo no TJ com pedido de indenização moral da ordem de R$ 30 mil contra a proprietária do veículo.