Quando comecei a ler hoje o noticiário sobre a prisão de supostos membros do Estado Islâmico, que estariam supostamente preparando atos terroristas nas Olimpíadas do Rio, com a suposição de que estavam sendo monitorados por organismos de segurança do mundo inteiro, acrescentando o fato de que o Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, durante entrevista coletiva, mentiu desbragadamente quando disse que haviam sido grampeados mensagens por WhattsZapps de vários suspeitos, lembrei-se de uma frase de Barry Glassner, no livro "Cultura do Medo": quando se deseja que problemas sérios sejam ignorados, crie pânico.
Quando um assunto como esse domina a cena, começo sempre a olhar para outros lados. Presto mais atenção no Congresso, nos atos dos governos, nas decisões judiciais, enfim, naquilo que importa.
A distração causada por notícias repletas de furos como essa, sem elementos probatórios concretos, poderá ser danosa no futuro.
Fico imaginando quantos aproveitadores de ocasião movimentaram suas pedrinhas nessa hora do foguetório midiático, com centenas de repórteres atentos a um único fato, sem que nenhuma cena dos presos, das armas, das bombas etc,etc, etc, tenha sido mostrada.
Eu não acredito em teoria da conspiração. Sei que esses episódios são normais, visto que o mundo não está fácil e há uma quantidade imensa de malucos acreditando na existência de bruxas.
Mas fico aqui pensando: para quê organizar um grupo de ação quando apenas um "lobo solitário" pode dar conta do recado?
Não quero espalhar paranoia, mas a própria desorganização das Olimpíadas, o crime organizado funcionando a todo vapor, o caos logístico tomando conta do Rio de Janeiro, isso não equivale a dezenas de "atos terroristas" ocorrendo ao mesmo tempo num único lugar.
O pessoal do Estado Islâmico deve estar pensando: "eles cuidam disso sozinhos!"