O Brasil é um País surrealista.
O Ministério Público Estadual (MPE) processou o prefeito Nelsinho Trad, em 2011, sob a alegação de não cumprimento de um Termo de Ajuste de Conduta, ao qual faria ajustes na obra do aterro sanitário e que acabaria de vez com o lixão de Campo Grande.
Vem o Juiz Waldir Peixoto Barbosa, da 5ª Vara Criminal e faz um acordo com o ex-prefeito para suspender o processo com a condição de que ele até 2018 não consuma bebida alcoólica em público nem freqüente “bares, boates e similares de reputação duvidosa”.
Mais: Nelsinho não deve se ausentar da cidade por mais de 30 dias, sem autorização judicial e terá de comparecer ao fórum de dois em dois meses para “informar e justificar” suas atividades.
Chato. Principalmente para um homem de muitas ocupações.
Quem chegou de Marte ontem deve imaginar que o ex-prefeito, além de devasso, deve ser o maior bebum da face da terra. Tirar-lhe o mel e os prazeres de sua vida deve ser uma "sentença insuportável" para um homem sabidamente recatado e do lar. Coitado.
A decisão judicial foi tirada de letra pelo próprio ex-prefeito: “Foi o juiz que sugeriu, eu não pedi nada. Mas aceitei porque não sou de beber e não frequento mais bares, sou casado”. Maravilha!
E ademais, se Nelsinho for levar ao pé da letra os termos da sentença, ele pode até beber um uísque aqui e ali com os amigos (lembra daquele convite?), desde que o lugar não “tenha reputação duvidosa”.
Acho que os advogados, linguistas, cientistas políticos, sociólogos e psicólogos deviam se debruçar sob a seguinte tese: o que significa “reputação duvidosa”. Será que ele se refere à casa da mãe Joana?