Pages

Mirem no exemplo de Curitiba


Curitiba não é apenas a terra do Juiz Sérgio Moro e da Operação Lava Jato.

Nos meios publicitários e jornalísticos, a Capital do Paraná, há mais de 4 décadas, é o laboratório-teste de tendências sociais.

Os marqueteiros sabem: a avaliação de qualquer produto passa primeiro por Curitiba, pois a cidade tem a diversidade ideal para revelar sinais que terminarão duplicando por todo País.

Levantamentos recentes na cidade identificam aquilo que está contaminando a maioria dos eleitores dos municípios brasileiros: raiva e ceticismo.

Reportagem da Folha de S. Paulo da última quarta-feira é reveladora desse quadro. Políticos já estimam que o índice de abstenção na cidade, somado a votos brancos e nulos, atinja um patamar recorde de 30% –a média histórica é de 15%.

O atual prefeito, Gustavo Fruet (PDT), diz enfrentar "uma batalha perdida" na comunicação, contra um nível de criticismo do cidadão e criminalização da política "sem precedentes".

"Nada presta, ninguém serve, todo mundo é bandido; é isso que se ouve", comenta o deputado estadual Tadeu Veneri (PT), também pré-candidato à prefeitura.

Na primeira pesquisa eleitoral, divulgada na semana passada pelo Ibope, os brancos e nulos chegaram a 20%. Na eleição de 2012, o índice era de 9% na mesma época.

Assim, de repente uma proposta está ganhando o coração das ruas: impedir uma nova candidatura de qualquer pessoa por pelo menos dez anos, após sua eleição.

Dessa forma, a renovação das lideranças políticas seria estimulada.
Foi criado na cidade o Partido da Inelegibilidade Automática (PINA) que prega que  "Política não deveria ser profissão".

Na opinião do cientista político Emerson Cervi, professor da UFPR, a falta de alternativas fortes em oposição aos candidatos tradicionais, num momento de desgaste da política, ajuda a aumentar os votos brancos e nulos.

"Nenhum dos candidatos empolgou até agora", avalia Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas. Para combater o ceticismo na cidade, os candidatos apostam na campanha corpo a corpo (que ajudaria a minar a desconfiança do eleitor), no debate de temas locais e no discurso da transparência e honestidade.

Uma avaliação: quem estiver fora de qualquer escândalo tem mais chance de se eleger. Hipoteticamente.

Reportagem da Folha de S.Paulo AQUI.