Minha história com o WhatsApp
A Justiça do Rio de Janeiro mandou bloquear novamente o serviço de mensagens WhatsApp em todo o Brasil, a partir desta terça-feira.
A ordem de interrupção partiu da juíza Daniela Barbosa Assunção de Souza.
Tal fato abre um gancho para que eu relembre uma história recente que vivi.
No dia 24 de maio deste ano recebi uma intimação da Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco e Resgate a Assaltos e Sequestros – GARRAS -, assinada pelo Delegado Fábio Peró Correa Paes, para prestar esclarecimentos como testemunha conforme os autos de referência.
No primeiro momento, achei aquilo estranho, pois não conseguia me lembrar se nos últimos dias havia roubado alguém, assaltado um banco ou seqüestrado algum infeliz.
No dia seguinte, fui informado que estava sendo investigado por conta de boletim de ocorrência aberto pelo presidente do Tribunal de Contas, Waldir Neves, e seu chefe de Gabinete, Nelson Luiz Brandão, acusado de ser responsável pela criação e viralização, pelo WhatsZapp, de uma postagem apócrifa intitulada “Operação Tucano do Pantanal”.
Confirmei ao delegado que havia recebido a referida mensagem e replicado para outras pessoas e grupos, não conseguindo identificar a origem de tal texto.
Só vi atitudes como essa no tempo da ditadura.
Sai da delegacia e escrevi um manifesto política revelando a existência de uma ameaça e chantagem do poder e enviei pelo o WhatsApp para vários grupos.
O assunto virou notícia. Tinha malandragem na jogada.
O caso gerou polêmica. O delegado disse-me que mais cedo ou tarde eles acabariam descobrindo o autor do post apócrifo.
Já se passaram mais de dois meses e nada. O que e quem foi investigado, não sei. Ninguém sabe de nada.
Fui pesquisar o assunto. Descobri que o WhatsApp funciona com criptografia ponta a ponta.
Explicação técnica: quando a pessoa A envia para a B um texto, um vídeo, ou uma chamada, o conteúdo recebe uma criptografia única.
Só que tem a chave para abrir esse código é a ponta B, o receptor. Assim, nenhum outro usuário tem acesso à mensagem, mesmo por meio de técnicas de hackers (sim, pode haver brechas; mas ainda não as descobriram).
Enfim, quem envia uma mensagem e logo em seguida a apaga, adeus, nem o espírito santo descobrirá quem a enviou. O mesmo vale para quem recebe.
Aliás, nem funcionários do próprio WhatsApp conseguem quebrar essa criptografia.
Enfim, não há tecnologia que possa ajudar a Justiça, a Polícia ou seja lá quem for a descobrir quem manda e envia mensagens.
A juíza Daniela Barbosa Assunção de Souza está dando tiro n’água.
Ora, se o Garras já sabia disso naquela época, qual a razão para me chamar e ameaçar, afirmando investigar algo impossível de ser investigado?
Até hoje procuro respostas.