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Pedro Mattar: Humanos diversos



Alzira tem pavor de comer peixe. Carrega a paranoia de que um dia irá morrer com espinha de peixe entalada na garganta, ela enfrenta a opinião geral de que alguns peixes não têm espinha e não aceita nenhum teste. Nas vezes em que aceitou, surgiu sempre uma espinha no seu prato. Completou 53 anos com a certeza de que vai envelhecer solteira, pois acha que homem é igual espinha de peixe, quando a relação entala acaba matando a vida em comum por asfixia. Defende isso contra a afirmação das amigas que garantem que cada homem é diferente. Mas ela acha que no dela sempre irá pintar uma espinha fatal espero ser devolvido ao meu anonimato sem complicações, fila de espera ou congestionamento. Não tenho saco de voltar em outra vida, seja qual for o personagem, com a perspectiva de me tornar repetitivo. Exijo o simplismo do morreu, acabou.
É meu direito.






Pensata

Só depois de resumir caminhos, passar por situações constrangedoras e pagar micos, percebi que a verdade e a mentira são variações óticas.