Alzira tem pavor de comer peixe. Carrega a paranoia de que um dia irĂ¡ morrer com espinha de peixe entalada na garganta, ela enfrenta a opiniĂ£o geral de que alguns peixes nĂ£o tĂªm espinha e nĂ£o aceita nenhum teste. Nas vezes em que aceitou, surgiu sempre uma espinha no seu prato. Completou 53 anos com a certeza de que vai envelhecer solteira, pois acha que homem Ă© igual espinha de peixe, quando a relaĂ§Ă£o entala acaba matando a vida em comum por asfixia. Defende isso contra a afirmaĂ§Ă£o das amigas que garantem que cada homem Ă© diferente. Mas ela acha que no dela sempre irĂ¡ pintar uma espinha fatal espero ser devolvido ao meu anonimato sem complicações, fila de espera ou congestionamento. NĂ£o tenho saco de voltar em outra vida, seja qual for o personagem, com a perspectiva de me tornar repetitivo. Exijo o simplismo do morreu, acabou.
É meu direito.
Pensata
SĂ³ depois de resumir caminhos, passar por situações constrangedoras e pagar micos, percebi que a verdade e a mentira sĂ£o variações Ă³ticas.