Puritanos de todas as platitudes
estão perplexos com a delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.
Mas é assim que o mundo político funciona. O que se pode afirmar em benefício
do modus operandi dos políticos até o começo da década de 90 era de que tudo
funcionava meio amadoristicamente.
Com o PT no poder
esse processo tornou-se sistêmico. Pior: banalizou-se ao ponto de que os
valores das propinas eram simplesmente contabilizados em qualquer transação
público-privada. O tema era tratado com desenvoltura até em festas de crianças.
O corrupto enxergava em seu ato uma espécie de esforço heróico. Quem sempre atuou no submundo das campanhas eleitorais dizia
com orgulho como se “matava no peito” essas questões que envolviam carregar
malotes de dinheiro vivo, engendrar operações de transferência de dólares para
paraísos fiscais, comprar votos de eleitores pobres, pagar jornalistas e
marqueteiros.
Nos últimos dez anos o Brasil
conheceu um processo de gangsterização da política. A dinheirama que Machado diz
ter distribuído ao zoológico pluripartidário brasileiro (uns falam em R$ 75
milhões, outros em mais de R$ 150 milhões) apenas é uma pontinha do iceberg da
nossa velha conhecida corrupção sistêmica.
Este ano temos eleições
municipais. Mesmo que as doações empresariais estejam proibidas, os operadores
de campanha criarão modos para burlar a lei. Assim eles esperam que aconteça.
A corrupção é um vício. Muitos candidatos
no momento discutem esse assunto, antes de ir para as ruas, pois todos sabem
que não se vence uma disputa com cuspe, ideias e propostas bem intencionadas.