Marun se justifica, mas não explica
O Deputado Carlos Marun emitiu nota oficial para a imprensa sul-mato-grossense tentando esclarecer seu apoio ao Deputado Eduardo Cunha, no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Existem coisas, porém, que se adéquam mais ao silêncio do que ao discurso. A nota de Marun, nesse sentido, é ruim.
Ele diz que jamais abandonaria Cunha porque não “é um vira-casaca”. Não precisava dizer isso porque ficou claro durante todo o processo.
É verdade: Marun dignificou-se por se manter inabalável na tropa de choque do ex-presidente da Câmara. Ganhou, com isso, notoriedade nacional. Passou a imagem de homem de convicção. Poderia trilhar o caminho do oportunismo barato, mas manteve-se firme até o fim. Sua palavra tem valor de face.
Agora, afirmar que “mesmo não podendo atestar a sua honestidade (de Cunha) por não conhecê-lo há tempo suficiente para tanto, penso que, em tendo enfrentado tantos interesses e produzido tanto ódio ao ter assumido o risco de comandar o impeachment na Câmara Federal, o deputado mereceria um julgamento menos contaminado pela política, o que só pode se dar no Supremo Tribunal Federal”, essa talvez tenha sido uma das grandes bobagens ditas nos últimos tempos. Foi demais.
Primeiro, porque o deputado Marun não é um ingênuo; segundo porque é melhor não falar nada sobre um tema que é consenso nacional, sob o risco de ser acusado de mentir na cara-dura; e, terceiro, a pressa é má conselheira: o deputado sul-mato-grossense devia ter refletido mais antes de emitir a nota. Parece texto de amador.