“Bolsonaro chegou há pouco tempo no partido. Como eu e a gente que o acompanha há muito tempo as coisas que ele fala eu posso dizer que, ao invés de polêmico, eu entendo que ele é um homem verdadeiro”.
Num rasgo de entusiasmo, essas foram as palavras do Coronel David, candidato a prefeito, ao lado do deputado Jair Bolsonaro, em visita a Campo Grande nesta sexta-feira. Ambos pertencem ao nanico PSC.
O coronel David apenas está repetindo o mantra engendrado por marqueteiros para amenizar a imagem truculenta do parlamentar que elogia torturadores. “Homem verdadeiro”, ou seja, o cara que fala suas verdades na cara, sem enfeitar a dama para a hora do baile.
O problema é que todo sabem que Bolsonaro é tão “verdadeiro” quanto um gorila. E que chamá-lo de “polêmico” é uma maneira de amenizar o primitivismo de suas ideias políticas.
Na verdade, o Cel. David sabe que colar a imagem do PSC ao nome do deputado carioca é o mesmo que tatuar uma suástica na testa. A sociedade brasileira é avessa às frinchas radicais dos partidos.
Em Mato Grosso do Sul, então, a situação é pior: os extremos da direita e da esquerda não conseguem ter aderência da maioria da nossa sociedade.
O Cel. David é uma figura delicada quando colocada ao lado de Bolsonaro. Mesmo com sua formação militar, ninguém nunca ouviu sair de sua boca palavras “polêmicas” contra gays, pobres, militantes etc. Na verdade, não se sabe o que ele realmente pensa “dessas coisas” todas.
O candidato do PSC à prefeitura de Campo Grande não é um sujeito caricato. Mas seu eleitorado não é dado à moderação. A turma de Bolsonaro gosta de resolver as diferenças na porrada.