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A difícil cura de um fanático



Onde começa o fanatismo na cabeça de uma pessoa? Em que momento o fanático se transforma em terrorista? No caso de Omar Matten, 29 anos, filho de afegãos (foto acima), cujo nome passará para a história mundial como autor de um dos maiores atentados dos tempos modernos, essa questão será escrutinada intectualmente à exaustão. 
O público tomará conhecimento de sua vida nos mínimos detalhes,  e tentará descobrir como um jovem de aparência simpática e pacata de repente se transforma num homofóbico assassino, matando 50 pessoas (a maioria jovens) na boate Pulse Nigth Club, em Orlando (EUA), reduto da alta classe média americana, ponto turístico não só para gays, mas para a moçada curiosa em temas como bisexualismo, “poliamor” etc.
O que se sabe até agora é que na semana passada Omar teve um surto nervoso quando passeava por Miami com a família e presenciou jovens gays se beijando num restaurante. Ele teria, a partir dali, se tornado agressivo, não admitindo que esposa e filhos fossem expostos a cenas “degradantes do mundo ocidental”. 
O ato tresloucado, nos dias seguintes, parece ter sido metodicamente planejado. Suas ligações com o Estado Islâmico é outra incógnita. O fato é que Matten escolheu atacar um modo de vida e não pessoas, cidadãos livres. Isso será relevante para o debate que ora se inicia.  A liberdade individual e a veiculação de todas as formas de opção sexual não combinam com as versões mais obscurantistas do islamismo. 
Claro que nem todo muçulmano seria capaz de levar às últimas conseqüências seu ódio atávico contra quem pensa e age de modo diferente. Mas em que momento se rompe o tênue fio cultural que nos arranca da civilização e nos joga nos braços da barbárie?