Pages

Alexsandro Nogueira: o Brasil já foi grande no futebol; hoje, resta a nostalgia

 

  Dorival Jr até hoje simbolizava o fracasso de 
nosso futebol, amanhã será outro, e assim vamos,,,

Não posso precisar se minhas primeiras lembranças sobre futebol remontam à seleção brasileira ou se vem das peladas nos quintais dos familiares e amigos, onde eu costumava jogar bola com meus primos Robson, Marcos e Tadeu.


Nasci em 1972 perto do Estádio Morenão, na Vila Maciel, numa casa grande e espaçosa que pertencia aos meus avós. 

Como a maioria das residências do bairro, tinha um gramado na frente e ruas de terra para ensaiar meus primeiros chutes ao gol.

Me mudei de lá em 1978, para morar perto da escola, o Externato São José, do professor Barão que ficava na rua Candido Mariano, na área central da cidade. 

Desse período, tenho recordações de imitar o Zico, meu ídolo de infância. Gostava também do Éder Aleixo e do Júnior pelos gols de falta magistrais.

Já em 1981, por influência do meu pai e tios, passei a ser torcedor do Operário da Capital onde vi as jogadas e vibrava com os lances de Arthurzinho, Lima e Baianinho. 

Nesse mesmo ano, o Galo foi sexto colocado no campeonato nacional.

Foram bons tempos, mas passou. Escrevo sobre minha relação pretérita com o futebol porque não encontro referência no presente para me empolgar. A exceção é o meu Corinthians que vive altos e baixos.

A seleção brasileira, que me encheu os olhos quando criança, hoje me traz vergonha e pessimismo. Sim, vamos estar na Copa de 2026, mas sem a menor chance de estarmos nas semifinais. Essa pretensão pertence aos grandes e há muito tempo o Brasil não figura nessa condição.

Para aqueles que já contemplaram Ronaldo, Kaká e Rivaldo agora temos que nos contentar com Endrick, André e Rafinha. Os craques do treinador Dorival Jr são tremendos pernas de pau. Para piorar as coisas, ainda são arrogantes com depoimentos polêmicos. Ou seja, estão mais atrás de likes do que de futebol.

Ao contrário da maioria dos torcedores que teme uma eventual desclassificação para o mundial do ano que vem, vejo como remota essa possibilidade. Existem seleções piores do que a nossa. Ufa!

O primeiro caminho para mudar o rumo dessa situação e não passarmos mais vergonha nos campos é trazer Neymar Jr de volta. Sim, o marrento!

Mesmo com constantes lesões e atuações apagadas nos clubes, o camisa 10 chama a responsabilidade do jogo para si e não fica polemizando. Vamos separar as coisas: o cara joga bola com B maiúsculo, gostem da conduta pessoal dele ou não.

O futebol brasileiro, conhecido pelo passado de arte e genialidade, hoje se perde entre a mediocridade técnica e a falta de identidade. A nova geração de jogadores parece mais preocupada com a construção de suas marcas pessoais do que com a história que representam em campo.

Não há um plano tático, um estilo de jogo definido ou um compromisso genuíno com a excelência. A decadência da seleção não é um fenômeno isolado, mas um reflexo do que se tornou o futebol nacional: clubes endividados, campeonatos esvaziados de talento e uma confederação preocupada apenas com interesses comerciais.

Com esse cenário ruim, torcer pela seleção virou um exercício de paciência e resignação. O Brasil, que já encantou o mundo com seu futebol ofensivo e jogadores talentosos, hoje se contenta em ser coadjuvante nas competições internacionais.

A mudança passa por uma reformulação profunda, que vá além da escolha de um treinador e envolva a reestruturação do futebol de base, a valorização dos campeonatos nacionais e a formação de atletas que priorizem o jogo coletivo em vez da ostentação nas redes sociais. 

Enquanto isso não acontece, seguimos nostálgicos, lembrando de quando vestir a camisa amarela significava, de fato, ser protagonista do futebol mundial.



Alexsandro Nogueira, jornalista, músico e escritor