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Maioria não escolheu em quem votar para prefeito de Campo Grande, a segunda Capital mais quebrada do País

Disputa acirrada entre Beto, Rose e Adriane Lopes

 ocultou a tragédia administrativa que os aguarda -


Existem algumas certezas nas eleições para a prefeitura de Campo Grande, mas elas, por enquanto, não resolvem o problema da cidade.

Primeira certeza: será uma eleição em dois turnos. Segunda certeza: ainda não há indicadores seguros sobre os nomes que serão escolhidos para a segunda rodada.

Rose Modesto, Adriane Lopes e Beto Pereira disputam lado a lado quem conseguirá ultrapassar essa etapa crucial.

De acordo com a última pesquisa Quaest 57% dos eleitorado ainda não escolheu seu candidato a prefeito. Para a vereança, este número ultrapassa 60%.

Num ambiente como esse, a tendência é definir o voto em função de algum fato emocional. Ou seja: é bom ficar alerta para a criação artificial de "fatos espetaculares" que favoreçam candidaturas específicas. O populismo e o oportunismo comem pelas bordas.

O site Midiamax fez essa tentativa na semana passada. Não deu certo. O assunto diluiu.

Coisas assim dão certo quando há predisposição do eleitor, envolvimento direto das instituições, principalmente do Ministério Público e Judiciário, além de cobertura maciça de toda a imprensa - e não apenas de um único veículo.

No início da campanha esperava-se que a polarização entre Lula e Bolsonaro, ou seja, um engajamento ativo entre forças da direita e da esquerda, ajudaria a definir o quadro.

Como o Bolsonarismo em Campo Grande tem enorme potencial de voto, inversamente proporcional ao PT, bastava associar um nome ao ex-presidente que ele ganharia impulso. Essa ideia mixou. A direita dividiu-se. 

Lula e Bolsonaro não se envolveram com a campanha campo-grandense. As razões serão comentadas em outro artigo. 

Mas fica registrado que se a articulação para trazer Bolsonaro para a aliança do PSDB foi bem sucedida, a pressão e a contrariedade da senadora Tereza Cristina (que apoia Adriane Lopes) para melar este jogo por enquanto deu certo. Esperemos agora o segundo turno.

Sem um elemento polarizador as campanhas ficaram anódinas, sem referências agregadoras, meio xoxas, dependendo apenas de factóides de terceira categoria.

Na próxima quinta-feira haverá debate na TV Morena. Rose certamente vai usar o "escândalo" que ela ajudou a inventar para faturar alguma coisinha, mesmo porque tem sempre gente que gosta de acreditar num dragão da maldade para chamar de seu.

Tomara que os candidatos discutam alguns números divulgados esta semana pela revista Veja sobre a realidade dos municípios brasileiros, principalmente as Capitais. Levantamentos feitos pela Confederação Nacional dos Municípios (CMN) mostram que 49% das cidades brasileiras estão quebradas.

Nesse processo, é assustador saber que Campo Grande encontra-se em segundo lugar dentre as Capitais com maior desequilíbrio em suas finanças, com a máquina gastando 97% de suas receitas com gastos correntes.


Dados da Confederação Nacional dos Municípios (CMN)
 que mostram Campo Grande em segundo lugar dentre as Capitais com maior dificuldade financeira do País

Claro que isso não é obra de apenas um prefeito. Foram mais de uma década de descalabro, abusos, negligência administrativa, desleixo e corrupção. Quem está disposto a reverter esse processo? Talvez essa seja a questão mais relevante do momento, pois será do encaminhamento dessa solução que a cidade poderá voltar a investir e crescer.

E quem é o gestor que ora disputa a prefeitura tem maiores possibilidades de desenvolver um planejamento de médio e longo prazos para mudar essa realidade?

Claro que não será num debate que nascerá a saída para os nossos dilemas mais urgentes. Mas será preciso identificar quem está mais preparado para este desafio.

Cada eleitor deve ter seu palpite, suas intuições e suas crenças. Tomara que a sociedade encontre o consenso e eleja o mais preparado e menos populista.

Sinto que Campo Grande está cansada de mesmice e gente que gosta de relatar sua vida sofrida no passado como atenuante demagógico para forjar laços fantasiosos com as pessoas que gostariam de apenas de ter esperança.

Tomara que o eleitor não caia mais uma vez na mesma armadilha.