Ontem encontrei um amigo que estava esbaforido com a reportagem do Fantástico do último domingo. “Você viu? Você viu? Aquela matéria sobre contrabando de cigarros?”.
Olhei friamente para o cidadão e respondi: “não!”. O cara se contorceu. “Como não?!, tá todo mundo comentando...”. Cortei rispidamente o barato: “há muito tempo que não fumo, não gosto de cigarros e acho o tabagismo um vício asqueroso...”
O cara me olhou incrédulo e eu continuei: “não tenho o mínimo interesse por essa pauta jornalística; quem quiser fumar que fume. Desde que não invada meu espaço aéreo, sou da opinião de que o sujeito pode se matar com quantos cigarros ele quiser...”afirmei, como se estivesse entrando no elevador.
Pois é: já fumei muito nos anos 70 e 80. Naqueles tempos fumar era glamoroso. Fumava-se nas redações, no cinema, no teatro, no hospital, dentro dos aviões, nos bares, restaurantes, enfim, fumar era um hábito naturalizado.
Nossos heróis fumavam. As mulheres gostosas fumavam. Ninguém dava a mínima para a fumaça. Aliás, o cheiro de cigarro era gostoso, confortante, apaziguador. Havia uma cultura tabagista imperando nas mídias e todos amávamos os homens de Malboro e as damas que tinham Charm.
Não sei exatamente quando (nem como) a coisa mudou. Mas de repente o cigarro tornou-se freak, um vício perigoso, uma doença social condenada mundialmente.
Por isso, prefiro ignorar o tititi. Acho que há coisas que é melhor não saber para não ficar contaminado. Se aparecer mais um infeliz querendo me contar as últimas novidades do Fantástico, juro que vou esganar o sujeito.