E o amor, tem pra se vender no balcão? Ah, do amor não tenho certeza de nada, ficou cabreiro perto de mim. Acho que o matei por tantas vezes que, sei-lá, escapuliu ou evaporou. Eis a questão.
Mesmo assim, respeito o homem comum que sabe amar: dorme entusiasmado como um idiota, acorda feliz com o céu de fundo azul e celebra a vida ao entardecer. Cada um escolhe a quermesse e o santo pra se prostrar.
Chego em seguida para lhe dizer a verdade. Conto que vive uma mentira, um engodo pra aliviar a vida real, na necessidade de fugir da rotina.
Sou esquisito. Carrego comigo uma nuvem negra e um vento gelado que sopra nos cantos da sala. Tenho uma flor de Guanaco que fenece por falta de água, enquanto eu observo a distância entre os corpos. Mas sei corresponder quando sou amado: os olhos triscam, os lábios se colam e o coração acelera. E sou canalha como qualquer um quando preciso dizer dizer I love you.
Agora dei pra ficar por aí em soluços a passos descoordenados. É a vertigem da meia idade que me apavora. Se eu me encontrar, prometo tomar conta de mim. E então? Enquanto isso, colho os cacos dessa desordem.
Quem sabe me levanto.
*jornalista