Robôs produzem milhares de notícias publicadas diariamente por agências como a Associated Press e a Reuters, sobre assuntos variados como os balanços das empresas e os resultados dos jogos de beisebol do fim de semana.
Em geral, os textos são redigidos com a elegância de uma bula de remédio, mas satisfazem os leitores mais ansiosos ao transmitir as informações com agilidade e exatidão.
Algoritmos ajudam o principal jornal de Los Angeles a cobrir homicídios na cidade, uma das mais violentas dos EUA. Os robôs transformam em notícia cada boletim de ocorrência policial e alertam os repórteres quando identificam aumento dos índices de criminalidade num bairro.
Numa época em que os maiores jornais do mundo reduzem suas redações para se ajustar à perda de receitas, parece uma solução. Longe disso.
Apesar de todo o recente progresso tecnológico, algoritmos são ineptos na hora de descobrir coisas novas, desvendar relações imprevistas entre fatos aparentemente desconectados, ou separar a verdade da mentira.
Os robôs estão cada vez melhores, mas parecem incapazes de substituir os humanos nas tarefas que distinguem o bom jornalismo.
O que não quer dizer que não possam ser bons colegas. Uma empresa britânica desenvolveu robôs que parecem capazes de monitorar os discursos no Parlamento e apontar falsidades dos políticos quase em tempo real, ajudando repórteres de caneta e papel a desmenti-los rapidamente.
No ano passado, quando um consórcio internacional de jornalistas expôs os clientes de uma lavanderia de dinheiro sujo no Panamá, o trabalho só foi possível porque os algoritmos ajudaram os repórteres a vasculhar milhões de documentos em busca de pistas invisíveis a olho nu.
Dá para confiar nos robôs? Num mundo em que parcela crescente da humanidade confia nos algoritmos das redes sociais para escolher as notícias que lê, talvez a saída seja enfrentá-las com as mesmas armas.
(Artigo publicado originalmente na Folha de S. Paulo)
*Jornalista