Pesquisa realizada pelo IPEMS no final de dezembro (contratada pelo jornal Correio do Estado) apontando cenários eleitorais para eleição para governador em 2018 em Campo Grande pode ser analisada sob dois aspectos: o processo tem um longo caminho a percorrer e, portanto, os números devem ser relativizados; mas, mesmo assim, os índices podem servir de referência para medir tendências que poderão, ou não, cristalizar-se ao longo do tempo.
Pelos dados levantados há um empate técnico entre Azambuja e Puccinelli em Campo Grande, maior colégio eleitoral do Estado, reunindo cerca de 40% dos votos gerais. Ou seja: a Capital é uma espécie de laboratório de tendências políticas que influenciam de maneira determinante o comportamento do eleitorado do Estado.
Portanto, a pesquisa do IPEMS – mesmo que a eleição esteja distante e os desdobramentos imprevisíveis – pode representar significantes e significâncias que permanecerão ou serão descartadas ao longo do tempo.
Os números crus são curiosos: em vários cenários Azambuja e Puccinelli estão empatados, respectivamente, em 30, 5% e 31,2%. Mas existe um concorrente intangível: 30% do eleitorado apontam que “não sabem” em quem votar. Isso significa que estão procurando alternativa aos dois nomes mais conhecidos e testados. Há imenso potencial para o surgimento de uma terceira via.
A pesquisa simulou Ricardo Ayache (5,7%) e Sérgio Longen (1,59%), o que não chega a causar fissuras no nível de preferência entre Azambuja e Puccinelli. Mesmo assim, tudo pode acontecer...
Analisando os detalhes da pesquisa, as preferências por bairros, faixa etária e nível de renda, pode-se grosso modo dizer que as áreas centrais, jovens e a classe média preferem Azambuja. Os mais pobres, menos escolarizados e mais velhos estão com Puccinelli. Essa massa é a grande maioria do eleitorado.
Há dados curiosos: aqueles eleitores que se simpatizam com o PMDB apóiam em 70% o ex-governador. E aqueles que tem simpatia pelo tucanato apóiam em 46% o atual governador. O eleitorado petista, por exemplo, prefere Azambuja, e os simpatizantes das demais agremiações diluem-se entre ambos.
O eleitor tucano não está muito feliz com Azambuja.
São esses alguns indicadores. Mas no cômputo geral a leitura da pesquisa – com todos os senões que ela provém – devia preocupar Azambuja. Ele está no poder, não tem uma oposição ferrenha, tem hegemonia nas estruturas institucionais, enfim, está conseguindo manter o Estado funcionando sem grandes instabilidades.
Seria natural que fosse o franco favorito em qualquer cenário de disputa. Não é. Qual a razão?
O Índice de Saudades de Puccinelli (ISP) parece que não para de crescer. Cristaliza-se entre os formadores de opinião que Reinaldo será um governador de apenas um mandato.
Se a tendência dessa pesquisa IPEMS permanecer no decorrer do ano, Azambuja terá que fazer algo que ele não aprendeu a fazer na vida: autocrítica. E isso depende de mais pensamento e menos soberba. Quem o conhece, sabe que tal atitude será difícil. O tucanato deve torcer para que essa tarefa não seja impossível.