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O sistema prisional que não enxergamos

Nosso sistema penitenciário é sustentado por milhares de famílias pobres brasileiras. As autoridades e a imprensa são zelosas em denunciar a entrada de celulares, armas e outros mimos na cadeia, mas esquece o principal: a entrada de dinheiro vivo nos dias de visita aos presos.

Na maioria dos casos é coisa de pouco monta. Na verdade, com algumas exceções, são trocados, moedas, dízimo merreca. Mas, olhando sob a perspectiva de economia de escala, toda essa grana reunida potencializa o crime organizado fazendo girar o capital.

Não se sabe quanto de dinheiro circula dentro das penitenciárias. Ninguém proíbe. A carceragem jamais proibirá esse incremento de recursos não orçamentários. É isso que faz a roda girar.

Mas as autoridades, com apoio da mídia, esquecem esse “detalhe”.

Esquecem que foi isso que transformou os PCCs da vida em organismos mais poderosos do que igrejas evangélicas.

Com esse dinheiro, as famílias pobres compram segurança de uma população carcerária detida por causa de crimes bobos, na maioria casos furtos banais, tráfico de trouxinhas de maconha e cocaína, brigas de bar, conflitos familiares etc, etc, etc e tal.

A Polícia e o Judiciário (sempre com apoio da imprensa) mostram serviço prendendo gente de quinta todos os dias. Daí, cria-se a chamada “superpopulação carcerária”, que, consequentemente, sustenta o sistema de corrupção que viceja nas prisões, também chamada de “indústria da bandidagem”.

Você percebeu o que significa "o sistema"? Ou não?

Se quiser saber mesmo, adentre suas entranhas e descubra por si mesmo.

Nossas masmorras continuam sendo medievais, como um dia afirmou um Ministro da Justiça.