Campestrini: amigo e mestre
Morreu na madrugada desta terça-feira (8), aos 75 anos, o professor e historiador Hildebrando Campestrini.
Autor de vários livros sobre história regional, estudioso incansável da obra de Taunay, ele ocupava a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul, numa dedicação afetuosa e permanente. Posso dizer que essa era sua razão de viver.
Aproximei-me do professor quando fui editorialista do Correio do Estado.
Em várias ocasiões ele ministrou curso de língua portuguesa para os jornalistas da casa utilizando o método da conversação, debate livre e análise de texto.
Chamou-me a atenção o fato de que Campestrini não gostava de apontar "erros" nos textos e sim "inadequações".
Ele estabelecia diferenciações no uso da língua e aceitava que o jornalismo permitia certas liberdades porque precisava se comunicar com o leitor médio.
Essa visão me aproximou do professor e ele tornou-se uma boa fonte de consulta permanente. Daí, veio a amizade e a admiração fecunda. Tive a oportunidade de entrevistá-lo várias vezes.
Campestrini me disse uma vez que gostaria de preparar um livro sobre a história da política contemporânea de Mato Grosso do Sul abrangendo o período dos governos de Pedrossian, Marcelo Miranda, Wilson B. Martins e Zeca do PT.
Não sei se chegou a escrevê-lo. Espero que tenha deixado alguma coisa rabiscada.
A última vez que conversamos, no começo desse ano, foi sobre um projeto de revitalização do site do Instituto Histórico. O professor estava motivado com algumas ideias, mas reclamava da falta de apoio financeiro à instituição que comandava.
A imagem que ele me deixa será sempre essa: uma persona vibrante, de raciocínio limpo, inteligência cartesiana e modos aristocráticos. Um intelectual classico na verdadeira acepção do termo.
O professor Campestrini ficará na minha memória como homem de seu tempo.