Edivaldo Bitencourt: Acabou o mistério, Puccinelli é investigado
Artigo originalmente publicado no site Topmídianews:
Desde o inicio da Operação Lama Asfáltica, desencadeada pela Polícia Federal, havia um mistério: o ex-governador André Puccinelli, do PMDB, era ou não investigado? Nesta quarta-feira, com a divulgação do bloqueio dos bens e contas do peemedebista pela Justiça Federal, não há mais dúvidas, ele é um dos alvos da investigação.
Este deve ser o principal motivo que levou o ex-governador negar o apelo de amigos e lideranças do PMDB para voltar a disputar o comando da Prefeitura de Campo Grande, onde realizou dois mandatos com pleno êxito e construiu a fama de bom administrador.
Puccinelli conseguiu construir história política de sucesso e a fama de ser trator na política, não perdeu nenhuma eleição, desde quando se arriscou como deputado estadual nos anos 80. Nem a vitória por 411 votos em eleição polêmica em 1996 o maculou.
Sobreviveu a todos os escândalos na administração municipal, como a doação da área do Papa para a Finanancial (que veio a assumir o lixo na gestão de Nelsinho Trad), a tentativa de dar a coleta do lixo para o italiano Moreno Gori (o lixogate), o escândalo Engecap (onde empresa em nome de dois garis executou a urbanização do Córrego Bandeira), entre outros.
Inicialmente, em julho do ano passado, quando a Polícia Federal começou a investigação do esquema de corrupção montado no seu governo, o peemedebista saiu ileso, apesar de ter levado a prisão do ex-deputado federal Edson Giroto, que foi secretário de Obras em todas as gestões de Puccinelli.
Neste ano, quando se ofereceu para ir “voluntariamente” para saber porque os policiais federais bateram a sua porta às 6h da manhã, o ex-governador conseguiu despistar e desmentir os boatos de que era alvo da maior operação de combate à corrupção em Mato Grosso do Sul.
Agora, com os bens bloqueados pela Vara Federal de Combate à Lavagem de Dinheiro, André Puccinelli vai para o furacão do desgaste causado por uma operação de combate à corrupção.
Para a política, este fato tem dois reflexos. O positivo é que não há gente acima da lei nos casos de corrupção. O negativo é que a população perde suas referências, fica sem políticos competentes para lhes dar esperança.
No entanto, o ex-governador não foi condenado, ainda é alvo de investigação. Se for considerado culpado, o povo precisará construir outras lideranças e referências. Por outro lado, caso seja inocentado a tempo da disputa de 2018, Puccinelli volta com força para evitar que o pleito seja um passeio para o governador Reinaldo Azambuja, do PSDB.
jornalista