Pablo Marçal, candidato a prefeito de São Paulo, está enlouquecendo o País
Evitei até o momento de falar sobre Pablo Marçal, o Pablito. Esperei que a turma que se considera os seres mais inteligentes do mundo analisassem o "fenômeno".
O homem é um sucesso. Está deixando desesperados aqueles que amamos odiar todos os dias: os políticos, os jornalistas, os especialistas, os professores de deus, enfim, aquela gente a quem chamamos de "elites culturais".
Pablito me diverte. Nos debates que pude acompanhar quase rolei de rir. Nos cortes que ele produz e divulga nas redes, mais risos. O cara é um mestre da enganação e ninguém sabe o que fazer com ele. Acho que Xandão deve estar tendo ganas para prendê-lo.
Lula deve estar imaginando o que fará com este cidadão se ele vencer a parada. Bolsonaro está tendo crise de ciúmes porque encontrou alguém melhor que ele no pior sentido.
Mesmo assim, Marçal me faz rir. Amigos e pessoas ao meu redor não gostam de minha reação e me advertem: ele está minando a democracia com os instrumentos da democracia. Corremos perigo. Rio mais ainda. Qual democracia será que eles estão falando? A do Xandâo? A do do Lula? O da Marina Silva? Escolha o picareta e te direi quem és.
Qual o conceito desse elemento abstrato que permeia nosso ambiente social ao qual eles se referem?
O de Marx? O de Tocqueville? O de Aristóteles? O do Tratado de Maastricht? O de Hobbes ? O de Rousseau? O de John Rawls? O da Constituição brasileira ? Piada.
A palavra "democracia" já habitou os lábios de Hitler, Mussollini, Maduro, Chaves, Fidel, Putin e tantos outros autocratas sanguinários que o tempo cuidou de naturalizar a ideia apenas qualificando-a superficialmente, distorcendo seu sentido, muitas impedindo (viu Xandâo?) que seu exercício prático fosse treinado ao longo dos séculos, não somente para ser aprimorado, mas para ser interiorizado e assim tornando as pessoas pelo menos mais espertas quando aparecesse psicopatas sagazes como Pablito.
Digam-me queridos e queridas, quantos desses por aí que falam com a boca cheia, espumando de indignação, são verdadeiros democratas? Quantos acreditam no cumprimento dos contratos sociais que governos e países fazem com suas sociedades para que haja harmonia e prosperidade e que possamos viver em paz sem medo dessa gente louca e ressentida que aparece do nada querendo salvar o mundo com uma bala de prata?
Ah! Mas São Paulo é a maior cidade da América Latina e não pode ter um louco na sua administração. Correto. Mas não tivemos Maluf, Celso Pita, Adhemar de Barros, Jânio Quadros? A cidade continua viva.
Foi a hipocrisia e o cinismo de anos que sedimentaram o ressentimento, a raiva, o ódio que terminaram encontrando agora, nos tempos dos algoritmo das redes sociais, a válvula de escape para mandar recado ao sistema de que é preciso haver mais honestidade, mais clareza e menos picaretagem.
Ou seja: quando essa montanha de merda em que se transformou o nosso mundo faz parir figuras como Pablito e tantos outros vemos madames e descoladinhos com as boquinhas abertas (oh! oh!), assustados com os monstrinhos que criaram. Vão se acostumando. O pior ainda não aconteceu.
Por isso, acho graça, assisto de camarote, com a tranquilidade de quem passou 30 anos fazendo jornalismo, alertando que o mar de lama estava vindo, recebendo em troca o apelido de maluco, que me dou por vencido e saio por com camiseta escrita no peito bem grande o famoso "foda-se"...
Sim, maluco, por isso só me resta rir destes comediantes sádicos que estão surgindo em todos os cantos do chamado planeta democrático, nos mostrando que a vida se parece com os filmes do Coringa, em que o personagem avisa com clareza que os tempos sombrios estão na nossa porta e agora não dá pra fazer nada, a não ser sorrir e chorar.