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Cenário de 2018: total incerteza

Vamos lá: o pico do processo eleitoral de 2018 vai acontecer dentro de 10 meses. Na melhor das hipóteses, é praticamente impossível imaginar o que vai acontecer na próxima semana. Por isso sempre digo que nem mesmo os melhores profetas de nossa política local conseguirão adivinhar com qual cenário os eleitores vão ter que lidar até lá. Mas ainda assim, existem professores de deus que dizem saber tudo, pontificando em convescotes como funciona sua reluzente bola de cristal que advinha o futuro. Só rindo.

Os principais nomes da disputa ao governo do Estado, por exemplo, vivem hoje como zumbis perambulando por aí, uns com medo de serem presos, outros preocupados com denúncias que podem ser envolvidos em situações cabeludas e há também “aquele” que está tendo tremeliques por causa do risco de perder o mandato.

Quem tenta olhar pra frente não consegue ver nada além de névoas cinza a turvar as cenas de curta distância. Mesmo assim, existem os çábios que fazem simulações e projeções, uns motivados pelo excesso de vaidade e ambição, outros porque sabem que o homem é feito de barro e pode se amoldar com dinheiro e interesses, sem contar os boquirrotos que não estão minimamente preocupados com candidaturas e sim como farão para encaixar seus negócios independentemente de quem venha ocupar a principal cadeira na governadoria.

Verdadeiramente, são pouquíssimos os que imaginam como a política, nesse caso, poderá estabelecer um projeto de poder, o qual, poderá se transformar, em médio prazo, em projeto de desenvolvimento do Estado. “O Estado que se lasque, eu quero arrumar a minha vida”, afirma sem medo de ser feliz.

O que há por enquanto são grupos variados se dedicando a montar estratégias para, dependendo dos desdobramentos dos fatos, se encaixarem nesse ou naquele esquema eleitoral, sem nenhum espírito republicano ou nada que possa ultrapassar os limites dos interesses pessoais ou corporativos.

Todos os nomes mais ou menos postos na atualidade – não vou citá-los porque eles ainda estão colocados apenas no tabuleiro das especulações – representam aquilo que se convencionou a chamar de “velha política”. Mesmo que o radar da sociedade aspire ao novo, o núcleo do sistema não está permitindo que ele apareça.

A última tentativa de se fazer uma reforma política que pudesse abrir frinchas no modelo para dar chance a uma marolinha novidadeira foi por água abaixo. Trata-se de um paradoxo: a sociedade deseja algo que a classe política não concede. Nunca tão poucos transformaram tantos em cordeiros involuntários na direção do abate.

A tradição patrimonialista mostra-se resistente. É uma força que talvez possa ser abrandada nos próximos 20 anos, mas por enquanto vamos ficar do mesmo jeito, apesar das redes sociais, do maior protagonismo da opinião pública, da revisão do pensamento extrativista e da compreensão de que fora do Estado Democrático de Direito não há muitas alternativas – a não ser a ditadura.

O Mato Grosso do Sul, politicamente falando, vive tempos nebulosos. Nossos principais “líderes”, na verdade, são homens de negócios. Eles gastam mais tempo formulando maneiras de viabilizar recursos de campanha, compra de agentes políticos e elaborando “jeitinho” para escapar da justiça do que estabelecer metas claras e transparentes no campo da administração do Estado para melhorar setores básicos como saúde, educação e segurança pública.

No fundo, no fundo, a pauta política é a que importa. A pauta da manutenção do poder a qualquer preço, sem concessões ao populacho que, para a aflição de alguns, está aprendendo a gritar, mas ainda não sabe direito o que quer.

Vejo muita gente da academia reclamando que a imprensa em nosso Estado não faz as perguntas certas. Em defesa, sempre digo que as perguntas feitas refletem nosso estágio cultural ainda empobrecido pelo provincianismo, pela ausência de um mercado consumidor expressivo e pela formação educacional precária. Talvez quando nossa população ultrapassar cinco milhões de habitantes as coisas comecem a mudar.

Eles dizem que minha argumentação é conformista.

Respondo: vai demorar, eu sei. Mas essa é a vida...