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O casal Olarte fez muita arte



Vou começar com a nota oficial emitida essa manhã: "O Ministério Público de Mato Grosso do Sul, por meio do GAECO (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), cumpriu nessa segunda-feira (15/08) 4 mandados de prisão temporária, expedidos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, determinados contrao ex-prefeito de Campo Grande Gilmar Olarte, sua esposa Andréia, Evandro Simões Farinelli e Ivamil Rodrigues de Almeida.

As investigações tiveram início a partir dos dados obtidos com a quebra do sigilo bancário de Andréia Olarte e de sua empresa (Casa da Esteticista), além de informações de que, entre os anos de 2014 e 2015, enquanto Gilmar Olarte ocupava o cargo de Prefeito Municipal, sua esposa adquiriu vários imóveis na capital, alguns em nome de terceiros, com pagamentos iniciais em elevadas quantias, fazendo o pagamento ora em dinheiro vivo, ora utilizando-se de transferências bancárias e depósitos, os quais, a princípio, são incompatíveis com a renda do casal. 

Para tanto, o casal Olarte contou com a ajuda de Ivamil Rodrigues, corretor de imóveis e braço direito do casal nas aquisições imobiliárias fraudulentas e Evandro Farinelli, pessoa que cedia o nome para que as aquisições fossem feitas em nome de Andréia Olarte.

As prisões e os mandados de busca e apreensão foram expedidos no bojo (putz!) de procedimento investigatório criminal conduzido pelo GAECO, em que se apura a prática dos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e falsidade ideológica". 

Comento: no período em que Olarte assumiu a prefeitura veio à tona denúncias sobre a existência da chamada "bolsa-dízimo". 

O esquema funcionava assim: Olarte nomeava para cargos em comissão fiéis de sua igreja evangélica sob o trato de doar parte do salário para obras cristãs. 

Com isso, conseguia arrecadar em dinheiro vivo, todos os meses, algo em torno de R$ 300 mil. 

Esse dinheiro abastecia um setor de empréstimo paralelo à igreja que cobrava juros escorchantes, realimentando a chamada roda da fortuna. 

Na verdade, a voracidade que alguns segmentos de igrejas evangélicas tem por cargos públicos nutre-se dessa base estrutural: nomear aos montes para receber doações. É um esquema de corrupção quase perfeito: doar parte de seu salário é um ato individual que não constitui crime.

Olarte e sua esposa capilarizaram essa estrutura de enriquecimento ilícito entre 2014/15. 

As consequências políticas dessas prisões certamente vão bater em Rose Modesto, que era amiga íntima do casal e tinha forte influência sobre a secretaria de Educação na época. 

Vale a pena acompanhar os próximos capítulos.